EDITORIAL

Notamos que alguns pensadores que se dizem espíritas, de alguma forma, enfocam o fenômeno mediúnico como algo secundário e, até mesmo, desaconselhável na prática da Doutrina Espírita. Todavia, é necessário que anotemos a presença da mediunidade em constante ação, reação e interação com a sociedade humana, manifestando-se sob as mais variadas formas ou nuances ao ponto de levar algumas religiões que antes abominavam o médium e a mediunidade, a colocá-las de forma evidente em sua prática religiosa, por imposição de mãos, curas, "descarrego", e, até recorrendo ao socorro de espíritos bondosos que rotulam por santos. 

Desprezar o fenômeno mediúnico equivale a transformar os centros em agremiações religiosas alicerçadas na parlapatice fria, adstrita ao pensamento dos encarnados. Não podemos esquecer que o Espiritismo é a doutrina trazida pelos espíritos para reavivar no homem a crença em Deus, a prática do bem e a busca da verdade e, que fora ela codificada pelo missionário Allan Kardec com o auxílio imediato dos espíritos instrumentados pela mediunidade.

Qual espírita teria coragem de negar o valor da mediunidade de Chico Xavier e de outros portentos da mediunidade, para a propagação da Doutrina Espírita? É certo que devemos submeter tudo quanto ocorre pelo veio mediúnico, ao crivo da razão, tendo em conta que o médium verdadeiramente espírita não se julga dono da verdade e nunca busca a notoriedade, pois sabe que é, tão somente, um mero instrumento para o trabalho dos bons espíritos. 

Vamos renovar o Espiritismo, atualizando a sua linguagem, adequando-a aos avanços do conhecimento e extirpando, como ensinou Kardec, tudo quanto for comprovado como equívoco ou erro pela Ciência, mas respeitemos o médium e a mediunidade, que foram, são e serão o alicerce da prática espírita.